Da série: Momentos que fazem valer

Fui para Zagreb sem muitos planos do que fazer. Acordei no Hostel e conversa vai, conversa vem, decidi acompanhar um brasileiro ao cemitério da cidade e depois caminharmos aleatoriamente pelo centro de Zagreb. 

Em dado momento entramos em uma loja bonitinha, pois ele estava procurando algum souvenir. Atendendo estava uma das pessoas mais simpáticas que encontrei em todo o meu tempo nos Balcãs. 

Ela nos mostrou os imãs de geladeira, explicou o porque eram mais caros do que os encontrados normalmente em lojas de souvenirs, nos ofereceu chocolate, nos apresentou a alguns tipos de home-made rakija (todas deliciosas), nos explicou como a pêra crescia dentro da garrafa e ainda compartilhou um pouco de sua história. 

Ela morava com a família em uma cidade pequena da Croácia durante a Guerra de Independência. Quando a Guerra acabou, mudaram-se para um cômodo em Zagreb cuja janela era no nível do calçamento. Na primeira noite no novo lugar, por volta das 3h da manhã, ela foi acordado pelo barulho de tanques de guerra passando em fremente sua janela. Esqueceram de avisar que iriam fazer o deslocamento dos tanques de madrugada.  

Seu pai morreu pouco depois, mas mesmo com todo o horror vivido durante a guerra, essa é a memória que mais a marcou desse longo período. 

Acordar com tanques na sua porta quando já se imaginava em segurança.  

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